terça-feira, 3 de dezembro de 2013

040. MARNIE, CONFISSÕES DE UMA LADRA, de Alfred Hitchcock

A última obra do mestre do cinema foi um dos melhores filmes de seu ano.
Nota: 9,6


Título Original: Marnie
Direção e Produção: Alfred Hitchcock
Elenco: Tippi Hedren, Sean Connery, Diana Baker, Martin Gabel, Louse Latham, Bob Sweeney, Milton Selzer, Alan Napier, Hanry Beckman, Edith Evanson, Mariette Harltey, Bruce Dern, S. John Launer, Meg Wyllie
Roteiro: Jay Presson Allen e Wiston Graham (romance)
Ano: 1965
Duração: 130 min.
Gênero: Thriller / Drama

Marnie é uma bela jovem que possui uma estranha mania: ela rouba, e o faz de forma perfeita. Entretanto, após passar a perna em seu patrão e fugir, Marnie começa a trabalhar para Mark Rutland, um rico empresário. É claro que Marnie está decidida a roubar o novo patrão, mas Mark acaba descobrindo as intenções da bela e, para tentar descobrir o que aconteceu em sua vida, a convence a se casar com ele. Após o casamento, Marnie apresenta estranhos quadros de saúde mental, e Mark decide descobrir o que aconteceu com essa ladra que se tornou o amor de sua vida.


Alfred Hitchcock foi um dos diretores de maior destaque na história do cinema. Poucos mestres da Sétima Arte foram tão perfeitos em representar os medos na telona. Famoso por uma das cenas mais interessantes o cinema, aquela em que Marion Crane é assassinada no chuveiro do enigmático Motel Bates, em sua fase americana, Hitch explorou diversos temas, dois dos principais foram os medos e traumas e confusão da identidade. Em “Marnie”, a protagonista junta tudo isso. É, claramente, perturbada por algum episódio que lhe ocorreu na infância, algum trauma inimaginável que nos será revelado com o passar do tempo. Além disso, a protagonista mescla seu lado ladra com seu lado apaixonada; ela está louca de amores pelo homem que virá a ser seu marido, porém, ao mesmo tempo, não consegue deixar seu vício de lado e insiste em roubá-lo. Existem poucos diretores que conseguem contrastar cores em cenas improváveis e fazer com que o efeito seja positivo para o propósito pretendido. Hitchcock é um deles. Em uma cena inesquecível, Marnie relembra o que ocorreu, e o diretor nos mostra, mais uma vez, como se faz uma cena de revelação que deixe o espectador na ponta da poltrona e que não o deixe esquecer jamais do que viu.
Por fim, a trilha sonora é do fantástico Bernard Herrmann, mesmo compositor de “Psicose” (1960), “Um Corpo que Cai” (1958) e “O Homem que Sabia Demais” (1956), ambos de Hitchcoock. Herrmann trabalhou em cinema e televisão e em nenhum de seus trabalhos decepicinou, aqui não é diferente: cada composição é perfeita e parece caber na cena como uma mão em sua luva. É, também, a trilha sonora da cena das revelações do passado de Marnie que constrói a cena e a torna tão bela, enigmática, inesperada e antológica. Vale destacar a primeira cena do longa: a câmera foca em um objeto amarelo que para uns tem aspecto de uma boca, para outros de uma vagina, a câmera vai se afastando a medida que a personagem segue em frente. Marnie está em uma estação, segurando apenas a controvérsia bolsa e uma mala e está morena, não loira. A cena se tornou um marco no cinema e chega a ser citada como uma das mais importantes na carreira do diretor, e, sem dúvida, diz muito sobre o que veremos durante todo o filme.



A primeira escolha do diretor para viver a protagonista foi a atriz Grace Kelly, que recusou pois o principado de Mônaco não achava digno ver sua princesa interpretando uma ladra, a Paramount sugeriu a Hitch que ele chamasse a americana Lee Remick, Eva Marie Saint e Susan Hampshire perseguiram o papel, mas não obtiveram sucesso. Foi escolhida, então, a estrela do longa “Os Pássaros” (1962), também de Hitchcock, para viver o papel. Tippi Hedren ficou, dessa forma, eternizada no cinema por esse dois trabalhos com o mestre do suspense. Como Marnie, Tippi está fantástica, uma verdadeira diva da era de ouro de Hollywood: classuda, sexy, inteligente e bela. A personagem construída e apresentada pela atriz condiz com os atributos físicos da diva, mas ocorre algo ainda mais belo: sentimos pena de Marnie e torcemos por ela. O clássico anti herói vivido por personagens como Macunaíma no Brasil e outros ladrões no restante do mundo é transferido para uma mulher, Hedren nos faz torcer por ela o tempo todo, queremos que ocorra tudo bem com ela em qualquer situação. Por fim, Tippi atinge a perfeição ao fazer o que Alfred Hitchcock fez toda a vida: nos deixa curiosos, atentos e loucos por saber quais são os segredos de sua personagem. Sean Connery foi um dos atores mais sexys e belos de sua época no cinema, além disso foi um dos grandes atores de seu tempo. Como Mark Rutland ele é firme e não deixa que a moça por quem se apaixona vá embora apenas por ser misteriosa e ter seus defeitos. Talvez essa seja, em meio a tanto terror dos filmes de Hitchcock, a maior representação do amor no cinema. Connery nos traz um homem apaixonado que não se torna cego: Mark quer saber por que Marnie se tornou tão traumatizada, e a beleza está exatamente nisto, ele vai até o fundo para que sua amada esposa vença seus medos.

“Marnie” é, como a maioria dos filmes do mestre Alfred Hitchcock, uma lição para qualquer cineasta e um louvor a qualquer crítico. Além disso, é um longa que, mais uma vez, inova o cinema da época. Marnie, a protagonista, quebra tabus trazendo uma mulher como ladra e trazendo um homem que corre atrás do passado da eposa para resolver seus traumas e problemas psicológicos. A direção de Hitch, a perfeição do roteiro (escrito com grandes diálogos e grandes cenas), a trilha de Herrmann, as interpretações e os experimentos técnicos do diretor são os ingredientes dos principais longas de Alfred Hitchcock. “Marnie” foi, sem dúvida, a última grande obra do mestre do suspense e não é apenas por isso que merece ser assistido, merece ser visto pois, em uma arte como o cinema, que possui pouco mais de cem anos, é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano de 1964.


VENCEDORES DO PRÊMIO DA ASSOCIAÇÃO DE CRÍTICOS DE FILMES DE WASHINTON D.C.
Melhor Filme: 12 Years A Slave
Melhor Direção: Alfonso Cuarón, por Gravidade
Melhor Ator: Chiwetel Ejiofor, por 12 Years A Slave
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Dallas Buyers Club
Melhor Atriz Coadjuvante: Lupita Nyong’o, por 12 Years A Slave
Melhor Elenco: 12 Years A Slave
Melhor Jovem Intérprete: Tye Sheridan, por Mud
Melhor Argumento Adaptado: John Ridley, por 12 Years A Slave
Melhor Argumento Original: Spike Jonze, por Her
Melhor Filme de Animação: Frozen
Melhor Documentário: Blackfish
Melhor Filme Estrangeiro: The Broken Circle Breakdown (Bélgica)
Melhor Direção de Arte: O Grande Gatsby
Melhor Fotografia: Gravidade
Melhor Montagem: Gravidade
Melhor Banda Sonora Original: Hans Zimmer, por 12 Years A Slave
Prémio Joe Barber para o Melhor Retrato de Washington DC: The Butler

VENCEDORES DA SOCIEDADE DE CRÍTICOS DE FILME DE BOSTON
Melhor Filme: 12 Years a Slave
Melhor Direção: Steve McQueen, 12 Years a Slave
Melhor Ator: Chiwetel Ejiofor, por 12 Years a Slave
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Ator Coadjuvante: James Gandolfini, por Enough Said
Melhor Atriz Coadjuvante: June Squibb, por Nebraska
Melhor Roteiro: Nicole Holofcener, por Enough Said
Melhor Fotografia: Emmanuel Lubezki, por Gravidade
Melhor Documentário: The Act of Killing
Melhor Filme Estrangeiro: Wadjda
Melhor Filme de Animação: The Wind Rises
Melhor Edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill, por Rush
Melhor Primeiro Filme: Ryan Coogler, por Fruit Station
Melhor Elenco: Nebraska
Melhor Canção: Iside: Llewyn Davis

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