segunda-feira, 17 de junho de 2013

069. DE PERNAS PRO AR 2, de Roberto Santucci

Parece que a história de Alice permanecerá por um fio.
Nota: 8,5


Título original: De Pernas pro Ar 2
Direção: Roberto Santucci
Elenco: Ingrid Guimarães, Bruno Garcia, Eriberto leão, Maria Paula, Chrstiane Fernandes, Tatá Werneck, Cristina Pereira, Paulo Gustavo, Eduardo Mello, Denise Weinberg, Rodrigo Sant’anna, Luis Miranda
Produção: Chris Bongirne, Mariza Leão e Carlos Eduardo Rodrigues
Roteiro: Paulo Cursino, Ingrid Guimarães e Marcelo Saback
Ano: 2012
Duração:
Gênero: Comédia

Alice é uma empresária bem-sucedida, mas que esqueceu de todo o resto de sua vida em prol do sucesso profissional. Como consequência, acabou ficando estressada demais, o que afetou sua saúde, sendo assim, viu-se obrigada a se tratar por ser uma viciada em trabalho. Em meio a isso tudo, Alice e Marcela, sua sócia, estão prestes a abrir uma loja de produtos eróticos em Nova York, mas, para isso, precisam de um produto novo e totalmente impressionante. Agora, Alice precisará driblar toda sua família, ir a Nova York, encontrar o tal produto e descansar nas horas vagas.


Roberto Santucci é um brasileiro formado nos Estados Unidos que se consagrou no cinema brasileiro graças ao seu talento para comédias: apesar de ter dirigido os suspenses “Bellini e a Esfinge” (2002) e “Alucinados” (2008), foi com “Olé – Um Movie Cabra da Peste” (2000) que entrou para o cinema, e apenas em 2010, com “De Pernas pro Ar” que ficou mais conhecido pelo público, vindo a liderar “Até que a Sorte nos Separe” (2012) e “Odeio o Dia dos Namorados” (2013). Nessa sequência, o diretor parece mais íntimo da história maluca de Alice e nos traz algo mais bem feito que no primeiro longa, tudo continua agradável, divertido e muito engraçado, mas a qualidade do longa supera, a fotografia é melhor, a trilha sonora é melhor e a edição é melhor. Em sequências, o roteiro do primeiro filme, o que dá origem aos demais, costuma ser o único que realmente agrada, todavia, o que temos aqui é algo diferente: os dois roteiros são bons e expõe a protagonista a uma série de eventos que farão com que ela seja obrigada a fazer escolhas. E é nessa prática de escolhas que está o mais belo e interessante desse filme. Tratar de sexo e de relacionamento com as pessoas continua sendo um tabu até hoje, e é por isso que gosto da história de Alice, pois ela fala sobre sexo sem ser grosseira e nojenta demais, é natural e necessário; e aborda os tipos de relacionamento e a necessidade de não se cair na rotina de forma concisa, sem ser chata demais e tratando tudo com muito humor, o que nos faz pensar em como tornamos tudo muito sério, como nos ofendemos demais e como cobramos coisas de nossos parceiros que estão além do que realmente podemos cobrar; por fim, mostra como a mulher pode, a sua maneira e de forma controlada, ser tão bem sucedida quanto qualquer outro homem, alertando que, nesse jogo de poder e provações entre homens e mulheres, a mulher não pode esquecer de si própria apenas para provar aos homens o quanto elas podem ser ótimas.


Ingrid Guimarães aprece ter encontrado a personagem dos sonhos: Alice Segretto é forte, destemida, sexy, inteligente e é mulher, mas também é uma pessoa que, por amar tanto o que faz, pensa muito no trabalho, não que ela ame mais sua profissão que sua família, por exemplo, mas ela se empolga tanto com o trabalho que deixa todo o resto de lado sem se dar conta do que está fazendo. Mais uma vez a atriz conquista o público, que torce pela personagem e fica feliz em ver suas conquistas. Maria Paula surpreende mais uma vez como Marcela e nos traz mais uma atuação engraçada e inteligente, apesar disso, sua personagem tem uma participação bem menor nesse longa, e sobra para ela apenas a tarefa de mostrar a dificuldade de ser uma mãe de primeira viagem bem sucedida profissionalmente. Bruno Garcia, novamente, é o marido de Alice, João, um homem compreensível, que ama sua esposa a cima de tudo, mas que também deseja que ela seja feliz, que esqueça o trabalho de vez em quanto e curta um pouco a vida gastando o dinheiro que ganha, e não apenas pensando em lucrar mais, agradavelmente, Garcia nos apresenta um marido do tipo “boa praça”, que dispensa comentários maldosos e que está disposto a perdoar sua esposa sempre. A simpática Denise Weinberg faz o papel de Marion, mãe de Alice, uma mulher que está chegando na terceira idade com muita disposição e que apóia a filha em todos os momentos necessários, dessa forma, Denise nos apresenta a típica mãe louca pela filha que não deixa nada atrapalhar seu relacionamento, e mais, faz questão de lembrar a filha como a vida pode ser feliz, a reflexão da personagem sobre os relacionamentos é o melhor a ser absorvido de todo o filme.



Mais uma vez, assim como ocorreu com a sequência de “Se Eu Fosse Você”, a temática permanece a mesma: como conciliar casa e trabalho, ser bem sucedida, conversar com o marido, ser diferenciada, cuidar do filho, e, ainda por cima, ser mulher em mundo comandado por machos e não deixar de sentir prazer sexual? Pode até parecer que o longa gire em torno exatamente do sexo, mas não é apenas isso, vai além: mostra, de forma muito engraçada e espiritual, que seres humanos devem se aceitar para que relacionamentos dêem certo, mostra que existe algo muito mais importante e urgente que o trabalho e que ganhar dinheiro, e mais, revela que nada na vida pode ser perfeito em uma das cenas mais clichês vista nos últimos anos, mas uma cena que nos faz refletir e desejar ter nossos relacionamentos por um fio.

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