domingo, 24 de fevereiro de 2013

085. (ESPECIAL OSCAR 2013: VENCEDORES) 2 COELHOS, de Afonso Poyart


Um filme brasileiro para agradar a todos.
Nota: 9,2


Título Original: 2 Coelhos
Direção: Afonso Poyart
Elenco: Fernando Alves Pinto, Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Roberto Marchese, Carol Miranda, Aldine Muller, Marat Descartes, Djair Guilherme, Robson Nunes, Amanda Banffsy, Norival Rizzo, Angela Sbrina Boing Boig Sabrina, Thaíde, Thogun, Afonso Poyart e Neco Villa Lobos
Produção: Angela Farinello, Rosana Oda, Afonso Poyart e Christiano Sensi
Roteiro: Afonso Poyart e Izaías Amalda
Ano: 2012
Duração: 108 min.
Gênero: Ação / Comédia

Edgar volta dos Estados Unidos após uma temporada naquele país, o motivo: atropelou e matou uma mulher e seu filho. Enquanto vivia lá, o pai de Edgar contratou Walter, o pai do menino morto, para trabalhar em seu restaurante. Quando Edgar chega no Brasil, resolve por em prática um plano que fará com que políticos e bandidos se choquem, dando uma lição nos dois segmentos corruptos do país e se dando bem arrancando um dinheiro advindo de roubos e propinas. Entretanto, tudo o que Edgar está fazendo vai muito além de apenas dar uma lição em bandidos.


O longa é narrado em off, pelo protagonista Edgar, contando-se as histórias dos protagonistas centrais e mostrando o dia-a-dia deles. Além disso, a narrativa não é linear, indo e voltando no tempo, o que explica, de forma maravilhosa, tudo o que aconteceu até ali, como aconteceu e a forma genial com a qual as histórias de cada personagem se entrelaçam. Achei que o filme seria uma daquelas ótimas comédias satíricas brasileiras, todavia, vai bem além, e, de forma geral, se deve a um roteiro inacreditável, melhor do que muitos roteiros de grandes filmes americanos desse ano, pois não confunde ao dar voltas e mais voltas para contar todas as histórias, cria personagens únicos que fazem o espectador se identificar de uma forma ou outra e não deixa com que as pontas se percam, une tudo em um desfecho imprevisível e não menos que perfeito.  Acrescente a isso, a direção e a edição de Afonso Poyart – que havia realizado apenas o curta “Eu te Darei o Céu” (2005) – são ótimas, escolhendo os momentos mais oportunos para filmar com câmera de mão (alternativa que eu acho terrível, mas que cai perfeitamente nesse filme), e sendo ótimo em cada tomada de ação, trazendo-nos as ruas de uma grande cidade, favelas e belos lugares como pano de fundo de tiroteios, explosões e muita ação. Além disso, o filme inova com efeitos visuais excelentes – equiparando-se com o fantástico “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” (2010) -, animações na apresentação dos personagens, referências a diversidade cultural do país. Mas, nada disso se compara a crítica mais que necessária feita a corrupção brasileira: para que um grande traficante possa se livrar de seus crimes, ele tenta subornar um deputado estadual – o mesmo que influenciou o juiz que absolveu Edgar dos assassinatos -, e mais: crítica a desordem pública da sociedade brasileira, mostrando a forma louca com a qual é organizada a hierarquia das favelas/subúrbios em contraponto aos bairros de classes mais elevadas, por fim, ainda critica os profissionais corruptos que estão nos nossos tribunais, mandando e desmandando apenas visando seu próprio bem. A trilha sonora, de André Abujamra e Marcio Nigro, é muito característica pela diversidade de nosso próprio país, indo de Radiohead e Kings and Queens, passando por Titãs e Lenine e chegando nos Avassaladores – aquele grupo que tem, como maior sucesso, o funk “Sou Foda” -, assim como quase tudo no filme, mais um trunfo.


Além da excelente direção, do roteiro de tirar o fôlego e da trilha sonora que casa perfeitamente com a diversidade brasileira, há um elenco forte e muito simples e natural em suas interpretações. Ao começar pelo protagonista, Edgar é vivido por Fernando Alves Pinto, ator de três dezenas de trabalhos, em sua maioria filmes, apesar de não conhecer o trabalho de Fernando, fiquei mais que satisfeito com sua atuação, achei o ator perfeito para o papel, pois é sua responsabilidade levar toda a história e dar qualquer nexo a ela, juntando cada pedaço e cada história; em algumas cenas é exigido aquele clássico teor dramático, sem ironia ou sátira, mas, na maioria, Edgar está debochando da falta de vergonha com a qual se rouba no Brasil e a falta de noção da população por ter tudo isso sobre seu olhos e se fingir de cego. Alessandra Negrini é Julia, a mulher de um advogado safado, que na verdade é a mulher do traficante Maicom, no início sua personagem é um pouco apagada, mas com o desenrolar da trama ela se torna essencial e uma grande peça na história, e isso se deve ao fato de Negrini estar impressionante como uma jovem perturbada por seus próprios motivos e querer ser feliz da melhor forma possível, acredito que poucas atrizes poderiam ser tão completas para a personagem. Marat Descartes - de “É Proibido Fumar” (2009) e da ótima série “Maysa – Quando Fala o Coração” (2009), onde viveu o ator gaúcho Carlos Alberto – é Maicom, um perigoso bandido que está sendo investigado pela justiça há três anos, e que pretende subornar o deputado Jader, para poder se safar de seus crimes, Descartes nos mostra o típico traficante e chefe de grandes favelas, crimes e organizações criminosas, sem ter pena de quem tenta lhe passar a perna e pensando somente em seu bem, a linguagem e as expressões utilizadas pelo ator contribuem ainda mais para a riqueza de sua atuação. Por fim, Caco Ciocler – por sinal, ótimo na novela da Rede Globo “Salve Jorge”, onde vive o descontrolado Celso -, está, como sempre, excelente no papel de Walter, apesar de aparecer pouco no filme, é uma peça tão essencial quanto qualquer outro, e nos mostra as frustrações do homem que perdeu tudo o que tinha, pensa em se vingar de quem lhe tirou tudo e ainda consegue sonhar com um futuro mais interessante pela frente.


“2 Coelhos” é um título que se refere a tarefa de Edgar: aparentemente, acabar com um político e com um traficante, dois bandidos, com um paulada só. No entanto, é mais que isso: Edgar usa toda essa história para dar duas cajadadas e preparar um futuro melhor para personagens que merecem um futuro melhor, mostrando que ainda existem pessoas que pensam em si e no restante dos indivíduos a sua volta. No final das contas, o filme é uma produção sobre compaixão, amor, felicidade, amizade e paixão que, ao se contrapor com a corrupção, a maldade, a bandidagem e os roubos desenfreados dos políticos no Brasil, vai contra todos os credos da indústria cinematográfica brasileira e cria um filme que alia críticas à corrupção e a boa e velha comédia debochada que poucas pessoas, que não os brasileiros, sabem fazer, criando um filme único e histórico para  cinema moderno de nosso país.



VENCEDORES OSCAR 2013, com comentários:




Melhor Filme: Argo – apesar da não indicação de Ben Affleck, venceu a categoria mais importante da premiação. Não concordo com o que a Academia fez, pelo simples fato de que se era para dar o prêmio de melhor filme a Argo, por que ignoraram Affleck?o. Uma pena que o longa não tenha vencido mais prêmios, pois pareceu mais um consolo para Affleck, não que o longa não mereça, mas o resultado acabou sendo estranho. Affleck, como produtor, fez um discurso ótimo, realmente emocionado, agradecendo aos colegas, esposa e a Academia, humilde e o melhor discurso da noite, um ótimo vencedor, um ótimo perdedor, no final das contas: o melhor resultado, mas insisto, uma pena Affleck não ter sido indicado, ele merecia!


Melhor Filme Estrangeiro: Amor, de Michael Haneke, da França – assisti apena a esse filme.
Melhor Direção: Ang Lee, por As Aventuras Pi – inacreditável, mas, realmente, uma das mais perfeitas direções, um filme belíssimo e que exige muito trabalho de toda a equipe, especialmente do diretor da produção. Parece que Lee tem a sina de vencer na direção e perder como melhor filme.
Melhor Ator: Daniel Day-Lewis, por Lincoln – fez piada durante o discurso e deixou claro o que todos falam: ele é o Meryl Streep do ano, perfeito, nada podia ser melhor na categoria! Um dos melhores atores vivos recebendo o prêmio da melhor atriz viva, uma americana que viveu uma das mais importantes figuras femininas inglesa, ele, um inglês vivendo um dos mais importantes presidentes americanos.
Melhor Atriz: Jennifer Lawrence, por O Lado Bom da Vida – ao menos um prêmio importante para esse filme maravilhoso. Apesar de desejar que Emmanuele Riva vencesse o prêmio, parabéns a essa atriz que tem tudo para ser maravilhosa, fico triste em ver que Riva não terá mais sua chance. Lawrence merece, mas terá outras chances. No entanto, apesar do filme ser previsível, para mim é o melhor!
Melhor Ator Coadjuvante: Christoph Waltz, por Django Livre – mais que merecido, o ator está fantástico.
Melhor Atriz Coadjuvante: Anne Hathaway, por Os Miseráveis – segunda indicação da atriz, após cantar, de forma perfeita, “I Dreamed a Drem” era óbvio que arrebataria os corações dos americanos, mais que merecido! Finalmente o Oscar de Mia de “O Diário da Princesa”.


Melhor Roteiro Original: Django Livre, para Quentin Tarantino – o longa se enforca a partir da chacina básica de Tarantino, mas era óbvio, ao menos as criações das personagem são bem feitas.
Melhor Roteiro Adaptado: Argo, para Chris Terrio – apesar de tudo, ainda prefiro “O Lado Bom da Vida”, mas foi merecido, ótimo roteiro, com uma história bem esclarecida – preciso fazer uma resalva: há muitos furos no roteiro, mas é uma homenagem ao cinema, então era meio óbvio.
Melhor Direção de Arte: Lincoln – ao menos uma categoria técnica para um filme tão belo e bem feito, as reconstruções são fantásticas.
Melhor Figurino: Anna Karenina – como já disse, o filme mais belo visualmente do ano e o figurino é um dos principais contribuintes para isso.
Melhor Maquiagem e Penteado: Os Miseráveis – apesar de ser muito bem feito, acho o trabalho de O Hobbit melhor.
Melhor Trilha Sonora: As Aventuras de Pi – Mychael Danna nos apresentou uma bela trilha sonora, mas, como disse Joé Wilker, apenas eficiente, torcia muito por Anna Karenina.
Melhor Canção Original: “Skyfall”, de Adele e Paul Epworth, apesar, de como apontou José Wilker na ótima transmissão da Rede Globo (só peço, apresentem toda a premiação, por favor): “Canções de 007 são como sambas enredo, jogam um tema e o autor precisa se virar naquilo ali”, mas a interpretação de Adele, o contexto do filme, a letra enigmática de Adele e Paul Epworth e o filme excelente que merecia estar entre os melhor filmes, fazem merecer, finalmente a maldição das canções de 007 foi quebreda! É a primeira vez que uma canção tema dos filmes de Bond vence na categoria.


Melhor Fotografia: As Aventuras de Pi – todos os prêmios técnicos que o longa recebeu são merecidos.
Melhor Montagem: Argo, - apesar de achar merecido, preferia, novamente, ver A Hora Mais Escura, mas é bom ver Argo ganhar algum prêmio antes de vencer o principal prêmio da noite: melhor filme do ano.
Melhor Edição de Som: A Hora Mais Escura – o filme é incrível e a equipe técnica é ótima, mais outra pena pelo 007.  E eis a surpresa, foi um empate: 007 – Operação Skyfall, não podia ser melhor. Empate é algo raro, somente para constar.
Melhor Mixagem de Som: Os Miseráveis – as músicas não foram dubladas nesse melhor musical do ano, premio mais que merecido, uma pena que 007 – Operação Skyfall perca mais um.
Melhor Efeitos Especiais: As Aventuras de Pi – preferiria que O Hobbit tivesse levado, mas mais um prêmio merecido pela criação belíssima do tigre.
Melhor Filme Animação: Valente – simples: não é a melhor animação do ano.
Melhor Curta Metragem de Animação: Paperman – todos os indicados eram ótimos, prêmio merecido.
Melhor Filme Documentário: Searching for a Sugar Man – não assisti nenhum dos indicados, mas já foi reconhecido em ao menos uma dezena de prêmios.
Melhor Filme Documentário Curta Metragem: Inocente – não assisti nenhum dos indicados.
Melhor Filme Curta Metragem: Curfew – não assisti nenhum dos indicados.



CONTAGEM DA DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS:

As Aventuras Pi - 4 prêmios - Confira a crítica aqui.
Argo - 3 prêmios - Confira a crítica aqui.
Os Miseráveis - 3 prêmios - Confira a crítica aqui.
Django Livre - 2 prêmios - Confira a crítica aqui.
007 - Operação Skyfall - 2 Prêmios (um deles foi empate) - Confira a crítica aqui.
Lincoln - 2 prêmios - Confira a crítica aqui.
A Hora Mais Escura - 1 prêmio (empate) - Confira a crítica aqui.
Amor - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
O Lado Bom da Vida - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
Valente - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
Anna Karenina - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
Searching for a Sugar Man - 1 prêmio
Inocente - 1 prêmio
Paperman - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
Curfew - 1 prêmio
Indomável Sonhadora - não ganhou nenhum prêmio - Confira a crítica aqui.

Ver a boa distribuição de prêmios mostra o quanto todos os filmes do ano foram merecedores de vencerem os prêmios.




MOMENTOS OSCAR 2013:


A cerimônia iniciou um pouco fraca, mas, depois da música sobre a aparição de seios no cinema, tudo começou a ficar melhor e a grande apresentação inicial que estávamos nos acostumando virou várias apresentações. Ótima mudança!
A celebração dos 50 anos dos filmes de James Bond foi apresentada por Halle Barry, que apresentou a montagem belíssima sobre o agente com licença para matar, que mostrou as Bond Girls (Barry, inclusive, é uma das mais famosas), os vilões, os temas inesquecíveis, os intérpretes de Bond e as cenas mais famosas. Mas a maior emoção ficou a cargo de Shirley Bassey cantando a clássica “Goldfinger”, é incrível como a voz ainda é a mesma, o que tornou sua performance, aplaudida de pé por todos, mais que memorável. Poucos blocos depois, Adele interpretou a canção tema do filme 007 – Operação Skyfall: “Skyfall”.
CONFIRA AS CRÍTICAS DO AGENTE 007 NO BLOG, ELAS VÃO DESDE A CRITICA NÚMERO 154 ATÉ A CRÍTICA 172!


Mas o maior momento da noite foi a aguardadíssima homenagem ao musicais da última década:
Chicago: Catherina Zeta-Jones apresentou sua performance magnífica de “All That Jazz”, impressionande do começo ao fim.
Dreamgrils – Em Busca de Um Sonho: Jennifer Hudson, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme, canta uma das músicas do longa. E que voz tem essa mulher. "Obrigado Lincoln por libertar os negros”! Aplaudida de pé.
Os Miseráveis – Hugh Jackman entoou a canção indicada ao Oscar esse ano, “Suddenly”, música composta especialmente para o filme. Mas foi a entrada de Anne Hathaway, cantando “I Dreamed A Dream” que emocionou a todos. Após ela, veio o elenco principal e coadjuvante do filme, que lotou o palco com uma inacreditável apresentação. Impossível não se arrepiar com essa que foi uma das mais memoráveis apresentações do Oscar nos últimos anos.Mais uma vez, aplaudidos de pé!
Como sempre, o In Memoriam do prêmio foi um dos momentos mais tocantes, ao som do tema de Entre Dois Amores, de John Barry. Produtores, diretores, roteiristas, artistas, fotógrafos, críticos, editores, entre outros que deixaram a indústria cinematográfica no ano de 2012. Logo após a montagem, Barbra Streisand entrou cantando "The Way We Were", homenageando o compositor que morreu no ano passado, Marvin Hamlisch.
A maior surpresa, entretanto, foi Michelle Obama, a primeira-dama, dos Estados Unidos da América, fazer uma aparição no telão e anunciar Argo como o grande vencedor da noite.
Para encerrar a noite com chave de ouro, Seth MacFarlene, ótimo apresentador, por sinal, e Kristin Chenoweth apresentaram um curto musical relembrando várias atrações da noite que não venceram nada, a canção intitulada "Here's to the Losers" colocou o Oscar para dormir e encerrou a cerimônia.

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