segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

138. (ESPECIAL OSCAR 2013) ESPELHO, ESPELHO MEU, de Tarsem Singh


Uma adaptação que tinha tudo para dar errado, e deu.
Nota: 6,5


Título Original: Mirror Mirror
Direção: Tarsem Singh
Elenco: Julia Roberts, Lily colins, Armie Hammer, Nathan Lane, Jordan Prentice, Mark Povinelli, Joe Gnoffo, Danny Woodburn, Sabastian Saraceno, Martin Klebba, Ronald Lee Clarkm, Sean Bean
Produção: Bernie Goldman, Ryan Kavanaugh, Brett Ratner
Roteiro: Marc Klein, Jason Keller, Melisa Wallack, Jacob Grimm (estória) e Wilhelm Grimm (estória)
Ano: 2012
Duração: 106 min.
Gênero: Aventura / Fantasia

São poucas as pessoas que não conhecem o conto dos irmãos Grimm sobre a jovem Branca de Neve, que perde a mãe bem cedo, depois o pai – um rei – morre e ela se vê obrigada a ficar sobre os cuidados da madrasta, a Rainha. No conto, um caçador é contratado, pela má Rainha, para matar a jovem e trazer seu coração. O homem fica com pena e leva o coração de uma corça, deixando a menina fugir. Branca de Neve encontra anões que a ajudam, mas acaba – após muitas tentativas - sendo “assassinada” pela madrasta, que também é uma bruxa. Ainda no conto, a madrasta morre, um príncipe salva a vida de Branca de Neve ao beijá-la e os dois vivem felizes para sempre.


No filme, a mãe de Branca de Neve morre ao dar a luz, seu pai se apaixona pela mulher mais bela do mundo e acaba casando com ela. De forma muito misteriosa o rei desaparece e é dado como morto pela “Besta” que habita as florestas. Nesse contexto, Branca de Neve é criada pela madrasta, que a tranca em uma torre e, apesar de não deixar faltar nada para a menina, a esconde do mundo. Entretanto, Branca de Neve acaba fugindo e encontra seu Príncipe. Porém, a Rainha está falindo e resolve casar com o mesmo jovem. Branca de Neve volta ao castelo e a Rainha manda um homem matá-la na floresta, mais uma vez a menina acaba conseguindo fugir e encontra os anões, que são ladrões. Agora, Branca de Neve terá de ajudar seu verdadeiro amor, destruir a Rainha, tomar seu trono de volta, matar a Besta e voltar para casa a tempo de fazer algum relaxamento de beleza.


Para aqueles que não recordam, na história original, a maior marca da Rainha talvez seja sua principal fala: “Espelho, espelho meu... Há, neste mundo, alguém mais bela do que eu?”. Durante toda a vida a resposta foi “não, minha bela Rainha”, entretanto, ao que o espelho responde “Não minha Rainha, mas há uma jovem que está predestinada a se tornar a mulher mais bela da Terra. Branca de Neve”, a fúria da Rainha é tão grande que ela manda a jovem ser assassinada. Talvez a única coisa realmente boa e interessante aqui, seja a forma como o espelho é mostrado na história. Para conversar com ele a Rainha apenas o invoca e entra em uma dimensão completamente diferente, na qual o seu reflexo a espera para conversar com ela. Claro que é esse reflexo que possuí o dom da magia, e a Rainha é alertada de como o uso da magia pode trazer consequências. A beleza estética do filme condiz com o que esperamos da Rainha: Tarsem Singh, diretor de “Imortais” (2011) tem ao seu lado uma bela fotografia, uma boa mixagem de som, efeitos de primeira, uma maquiagem impecável e um figurino de cair o queixo, indicado ao Oscar melhor figurino esse ano. Todavia, as atuações dos protagonistas são uma vergonha, o roteiro não possui nexo e o desfecho acaba com toda a história.


Quando li, não lembro onde, que Julia Roberts faria a Rainha em uma adaptação da Branca de Neve e os Sete Anões, confesso que fiquei empolgado, afinal, ela pode não ser a mulher mais bela da Terra, mas imaginai que sua atuação a elevaria a esse patamar. Eu estava enganado. Ela está bonita, não posso negar, mas a personagem é tão imbecil e sem toda a inteligência e pretensões que a personagem original tinha que até mesmo Roberts dá suas escorregadas na neve que está caindo e torna sua atuação ora boa, ora surpreendente, ora péssima. Lily Collins é uma garota jovem e bonita, mas a nova versão lutadora de Branca de Neve jamais vai colar na história, além disso, em seus momentos inocentes, ela parece mais uma garota mimada que uma menina que viveu trancada em um castelo sem pai ou mãe. Apesar disso, ver a força de vontade da personagem de lutar contra a Rainha é algo incentivador. Armie Hammer, apesar de seus 26 anos de idade, é o melhor ator de sua idade em atividade no cinema, e, sem dúvidas o mais promissor: em dois anos de trabalho no cinema ele nos apresentou duas interpretações impecáveis em “A Rede Social” (2010) e “J. Edgar” (2011). Qual foi minha decepção em vê-lo interpretando um papel do verdadeiro mocinho imbecil, a gota d’gua é vê-lo como um “cachorrinho” quando toma uma poção mais idiota que sua personagem para que a Rainha o convença de se tornarem marido e mulher.


A história de Branca de Neve é um dos contos mais lidos e conhecidos no mundo, não obstante, é a animação mais importante da história do cinema por ter sido o primeiro longa metragem do gênero. É primordial dizer que o problema não está, realmente, nas interpretações de Collins (aliás, a “menos ruim” de todos), Roberts ou Hammer, e sim na forma tosca como suas personagens são apresentadas. A beleza da rainha e toda sua classe a precedem, mas o problema é o quanto a personagem consegue ser fútil e sem graça. Já o príncipe, é uma total vergonha para os príncipes de plantão do mundo dos contos de fadas. Tendo em vista todos os problemas do filme – problemas esses, necessários de serem resolvidos para termos um bom resultado -, pergunto-me, incansavelmente, qual a dificuldade de realizar um longa metragem idêntico ao conto dos irmãos Grimm, mas com seres humanos reais vivendo as personagens.

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