sábado, 26 de janeiro de 2013

120. HANNIBAL, de Ridley Scott


A volta de Hannibal Lecter só prova uma coisa: enquanto houver seres humanos para servirem de alimento, o maior canibal do cinema permanecerá forte e vivo.
Nota: 9,2


Título Original: Hannibal
Direção: Ridley Scott
Elenco: Anthony Hopkins, Julianne Moore, Gary Oldman, Ray Liotta, Frankie Faison, Giancarlo Giannini, Francesca Neri, Zelijko Ivanek, Hazelle Goodman, David Andrews, Francis Guinan
Produção: Dino De Laurentiis, Martha De Laurentiis, Ridley Scott
Roteiro: David Mamet, Steven Zaillian e Thomas Harris (romance)
Ano: 2001
Duração: 131 min.
Gênero: Drama / Thriller

Aviso: antes de ler qualquer comentário sobre esse filme, acho bom esclarecer as ordens em que os longas sobre Hannibal Lecter foram lançados e a ordem cronológica:
Em ordem de lançamento: “O Silêncio dos Inocentes” (1991), “Hannibal” (2001), “Dragão Vermelho” (2004) e “Hannibal – A Origem do Mal” (2007).
Em ordem cronológica: “Hannibal – A Origem do Mal”, “Dragão Vermelho”, “O Silêncio dos Inocentes” e “Hannibal”.

Enquanto Manson Verger, uma das vítimas do Dr. Hannibal Lecter – Verger se apaixonou por Lecter, sádico, como somente o canibal pode ser, Hannibal drogou Verger, que cortou seu próprio rosto, desfigurando-se -, Clarice Starling, a agente do FBI que esteve com Hannibal antes de sua fuga, volta a procurar o criminoso. Entretanto, lidar com Hannibal Lecter não é uma tarefa fácil e o que era um jogo entre um homem vingativo e a polícia, se tornar mais uma manipulação do serial killer mais adorado do cinema.


Ridley Scott tem alguns bons títulos no cinema, alguns fracassos e algumas grandes produções, dentre elas “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979), “Thelma e Louise” (1991), “Gladiador” (2000), “Falcão Negro em Perigo” (2001), “Cruzada” (2005), “O Gângster” (2007), Robin Hood” (2010) e “Prometheus” (2012). Após o sucesso estrondoso e inacreditável de “O Silêncio dos Inocentes” (1991), a primeira história de Hannibal Lacter adaptada para o cinema, onde o assassino ajuda Clarice Starling a encontrar outro serial killer para que possa cometer uma fuga digna de cinema – o filme é um dos únicos que venceu as cinco categorias mais importantes do Oscar: filme, direção, ator, atriz e roteiro adaptado –, era de se esperar que uma sequência entrasse ou para a lista das sequências dispensáveis, ou para as memoráveis. Apesar de o filme ser ótimo, temos a primeira opção. Isso se deve, principalmente, pela substituição da atriz que interpreta a agente Starling, acrescente a isso, o roteiro é mais fraco e não há toda aquela tensão proposta pelo primeiro longa. Em contra ponto, a trilha sonora de Hans Zimmer é tão incrível – se não melhor – quanto a de Howard Shore (responsável por “O Silêncio dos Inocentes”), a edição e mixagem de som são perfeitas e a montagem das cenas é incrível, repleta de metáforas e referências a própria história.


Anthony Hopkins volta a dar vida ao personagem mais enigmático e incrível do cinema e da literatura contemporâneos. Assim como no primeiro filme, vemos uma interpretação sem defeito algum, a única diferença é que o próprio personagem está ficando mais velho, todavia, sua sede e apetite por carne humana não diminuiu, bem como sua loucura, seu caráter, seu bom gosto, sua indiferença as suas vítimas, sua determinação, sua astúcia, e, sobretudo, sua invisibilidade. Não há, simplesmente, como não fazer comparações rápidas de Julianne Moore (Starling desse filme) com Jodie Foster (Starling de “O Silêncio dos Inocentes”), Moore nos apresenta uma personagem mais madura, com menos medo de tudo a sua volta, no entanto, sua Starling é menos natural, um pouco mais artificial e clichê que a de Foster, mesmo assim, não há como negar: é difícil decidir qual das duas encarou melhor Starling, bem como é praticamente impossível saber se teria sido melhor Foster continuar ou Moore ter assumido desde o primeiro longa. Sempre que assinto a um filme com Gary Oldman sem saber que ele está no filme me surpreendo quando descubro qual era sua personagem, por algum motivo deixei passar seu nome durante a abertura, e por outro motivo mais estúpido, não recordava que ele estava na produção, mas mereço um desconto por não o ter reconhecido logo de cara: ele vive Manson Verger, o homem louco totalmente desfigurado. O fato é que o personagem já era louco antes de conhecer Hannibal – ele estuprava crianças, o que já é o suficiente para ser odiado -, sendo assim, resta a Oldman tornar esse homem ainda mais detestável e repugnante, não por sua aparência, mas por seus atos e pela forma como age perante todos, além disso, não há intenção de humanizar Verger em momento algum. Por fim, temos a excelente atuação de Giancarlo Giannini, de “007 – Cassino Royale” (2006) e “007 – Quantum of Solace” (2008), que interpreta o Inspetor Rinaldo Pazzi, um homem que descobre o paradeiro de Lecter, mas que prefere ficar com o segredo para si e entregar o criminoso para Verger, que está oferecendo três milhões de dólares pelo assassino; o medo, a desconfiança e o desespero de Pazzi são notados a cada olhar de Giannini.


Não existe outro ator que pudesse viver o Doutor Hannibal Lecter com tanta classe e sobriedade quanto Anthony Hopkins, isso, porque apenas o ator poderia imortalizar uma personagem tão complexa, e mais, somente ele poderia interpretar com tanta veracidade um homem que perturbaria qualquer profissional da sétima arte. Apesar de um problema aqui e outro ali, o fato de termos a volta de Hannibal e o time de atores que compõe esse elenco, faz do longa mais um filme memorável, não somente sobre mais um serial killer digno de filmes a seu respeito, e sim, do maior, melhor e mais inteligente serial killer produzido pelas indústrias do entretenimento e da cultura, juntas. O melhor de tudo fica a cargo do desfecho, que nos dá apenas uma certeza, mas a melhor certeza de todas: nada mudará para Hannibal Lecter enquanto ele puder saciar sua gula pela carne humana. 


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