sábado, 26 de janeiro de 2013

118. A OUTRA, de Justin Chadwick

God Save the Queen!
Nota: 8,5


Título Original: The Other Boleyn Girl
Direção: Justin Chadwick
Elenco: Natalie Portman, Scarlatt Johansson, Eric Bana, Jim Sturgess, Mark Rylance, Kristin Scott Thomas, David Morrissey, Benedict Cumberbatch, Ana Torrent
Produção: Alison Owen, Scott Rudin
Roteiro: Peter Morgan e Philippa Gregory
Ano: 2008
Duração: 115 min.
Gênero: Biografia / Drama

O fim da Guerra das Rosas culminou no fim do reinado de Ricardo III e no casamento entre as famílias Lancaster e York pela união de Henry Tudor (Lancaster por parte de mãe) e Elizabeth York. Desta união nasceu Henry VIII, provavelmente um dos governantes mais importantes e decisivos para a história da Grã-Bretanha. Henry foi casado seis vezes, sua primeira esposa foi consorte de seu irmão (com a morte dele, Henry assumiu ao lado de Catarina de Aragão, com quem teve Maria), por volta de 1533 apaixonou-se por Ana Bolena, separou-se da Igreja Católica Romana – criando a Igreja Anglicana (ou Igreja da Inglaterra) -, divorciou-se de Catarina de Aragão e casou-se com Ana Bolena. Apesar de tudo, Bolena teve apenas uma filha com o rei, foi condena por incesto e morreu três anos depois do casamento. Henry VIII, pelo contrário, casou-se com Joana, que teve o tão esperado filho herdeiro, Eduardo VI. Depois veio o rápido casamento com Ana de Cleves, assim que esta morreu, o rei casou-se com Catarina Howard e, por último, com Catarina Parr, mais uma plebeia.


No filme, acompanhamos não a história de Henry VIII, e sim das irmãs Bolena. Primeiramente, os planos de Thomas Bolena, pai das garotas, era que o rei se apaixonasse por sua filha mais jovem, Maria, entretanto, o destino não obedece aos desejos humanos, e Henry Tudor se encantou com Ana Bolena, a outra garota Bolena, uma mulher mais conquistadora, que se fez de difícil para forçar o rei a pedir o divórcio de Catarina de Aragão, romper com a Igreja Católica, e casar-se com ela. Apesar de tudo o que fez, Ana não conseguiu ter o tão desejado herdeiro homem do rei. Acusada de incesto com o irmão, George, Ana foi condena e morreu em 1536.


Justin Chadwick é um simpático diretor de televisão que arriscou um pouco realizando esse filme, no entanto, o que mais chama a atenção aqui é o roteiro de Peter Morgan – o mesmo de “O Último Rei da Escócia” (2006), “A Rainha” (2006), “Frost/Nixon” (2008) e “Maldito Futebol Clube” (2009), todos baseados em fatos reais de governantes ou personagens importantes para alguns lugares do mundo -, apesar de chamar a atenção o fato de ele mostrar Henry VIII como um completo imbecil e dar atenção demais a Ana Bolena como se ela tivesse tomado todas as decisões a respeito do governo do marido, as apelações – como o incesto, que nunca foi confirmado, historicamente falando -, há alguma coisa incrível na forma como a história é contada. Em contra ponto ao exagero, os melhores momentos do filme são pautados na realidade da época: Bolena está louca para ter o tal filho homem, pois se ela não o fizer, sabe que será substituída por outra (bem como aconteceu com sua antecessora); o escândalo que ela faz ao ver que perdeu mais um filho e pedir ao irmão para que eles “forniquem” para que ela engravide; a decisão do rei em matar sua esposa; as tentativas de rompimento com a Igreja Católica; a preocupação dor rei em deixar um herdeiro legítimo que pudesse assumir o trono.


Natalie Portman, depois do sucesso em “Cisne Negro” (2010), passou a ser vista por todos com diferentes olhos, mesmo em seus filmes anteriores ao que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz. Aqui ela é a inescrupulosa Ana Bolena, uma mulher capaz de tudo para chegar ao poder e permanecer lá, o desespero de Portman se torna algo tão real que chega a ser inacreditável, não que sua atuação seja um exemplo, em alguns momentos ela parece muito over (exagerada), mas, na maior parte do filme ela se mostra uma mulher descontrolada e despreparada. Scarlett Johansson nos apresenta uma ou outra atuação, de tempos em tempos, que é digna de nota, como Maria Bolena ela nos proporciona uma atuação um pouco apagada, mas mostra mesmo como a garota era totalmente inocente e só desejava ser feliz com o marido que tivesse. Eric Bana é Henry Tudor, apesar de ser um bom ator, a interpretação do rei pelo roteirista do filme é a de um homem submisso às mulheres (algo que Henry não era, ele podia até fazer a vontade de suas mulheres, mas jamais deixou que soubessem dessa sua característica), apesar do  personagem ser um idiota, Bana se sai bem.


Como diz o próprio título original do filme (traduzido livremente como “A Outra Garota Bolena”) era para Maria Bolena ter ficado com o rei, mas, como disse, ele comete a besteira de cair nas garras de Ana Bolena. E é bem isso o que a produção deseja mostrar: o quanto Ana Bolena se saiu bem, enquanto pode, mas que, na realidade da época, era fácil um rei ter o que queria. Apesar das intenções do filme de contar a vida de Ana, o que o desfecho nos propõe a acreditar é que Ana Bolena não deixou nenhum legado realizado por ela muito importante para a humanidade – atribuo o rompimento com a Igreja Católica uma decisão do rei e de mais ninguém -, afinal, ela estava muito ocupada tentando permanecer no poder e tendo um filho do rei, todavia, a filha que Ana Bolena deixou para a Inglaterra foi ninguém mais, ninguém menos, que Elizabeth I – A Rainha Virgem, sendo assim, de alguma coisa valeu essa tal separação com a Igreja Católica Romana. God Save de Queen!


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