sexta-feira, 13 de julho de 2012

249. DRIVE, de Nicolas Winding Refn


A reinvenção do anti-herói no gênero thriller em um dos melhores filmes do ano.
Nota: 9,0


Título Original: Drive
Direção: Nicolas Winding Refn
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Albert Brooks, Oscar Isaac, Christina Hendricks, Ron Perlman, Kaden Leos, Jeff Wolfe, James Biberi, Russ Tamblyn
Produção: John Palermo, Marc Platt, Gigi Pritzker, Adam Siegel, Michel Litvak
Roteiro: Hossein Amini e James Sallis (romance)
Ano: 2011
Duração: 100 min.
Gênero: Triller / Drama

Durante o dia um homem divide seu tempo entre ser dublê em filmes com cenas perigosas envolvendo carros e trabalhando como mecânico para um homem bem suspeito, durante a noite, o mesmo homem, é contratado para ser motorista de assaltantes. Sua política é bem simples: durante cinco minutos ele servirá para os assaltantes, um minuto antes, um minuto depois o problema é dos assaltantes, não usa arma e não participa do serviço. Entretanto tudo em sua vida mudará ao envolver-se com a bela Irene, que tem um filho com um presidiário recém solto e atolado até o pescoço com problemas com a máfia.


O dinamarquês Nicolas Winding Refn ficou conhecido pela trilogia “Pusher” (1996 / 2004 / 2005), as tramas giram em torno do traficante Milo e todos que estão envolvidos em seus esquemas milionários, os filmes foram sucessos de público, mas especialmente a crítica os elogiou. Em “Drive” ele vai fundo novamente nas máfias e nos criminosos das grandes cidades, quando o motorista se envolve com Irene e com o marido criminoso da mesma, vemos nitidamente a influência da máfia nas prisões e no cotidiano da população. O diretor adapta o livro incrivelmente, tornando a história apreensiva, mas sem ser chata ou parada, as sequências das fugas organizadas pelo protagonista são emocionantes e aceleram o filme o tempo todo. O fato de a história ir e vir na mente da personagem também diferencia e melhora ainda mais o filme. O roteiro é escrito por Hossein Amini, o mesmo de “Paixão Proibida” (1996), “Asas do Amor” (1997), que lhe rendeu uma indicação os Oscar, “Honra & Coragem – As Quatro Plumas” (2002), “Conspiração Xangai” (2010) e, recentemente, “Branca de Neve e o Caçador” (2012). Cliff Martin é o compositor de uma trilha sonora que não aparece muito no filme, mas é bem-vinda o tempo todo, ele também compôs para bons filmes como “Sexo, Mentiras e Videotape” (1989), “Kafka” (1991), “Traffic: Ninguém Sai Limpo” (2000), “O Poder e a Lei” (2011) e “Contágio” (2011).


O ator televisivo Bryan Cranston vive Shannon, uma espécie de agente do Motorista, que o ajuda em todos os seus trabalhos e é seu chefe na oficina. Albert Brooks, de “Taxi Driver” (1976), é o claramente criminoso Bernie Rose que investe no Motorista como piloto de corridas, mas que se revelará um homem egoísta e egocêntrico. Oscar Isaac, de “Robin Hood” (2010), é o marido de Irene, palavra nenhuma define melhor a personagem que não “ferrado”. Ron Perlman, o protagonista de “Hellboy” (2004), vive Nino, outro criminoso inescrupuloso que só se importa com seus negócios e sua vida. Christina Hendricks, famosa por viver Jaon Harris na série “Mad Men” (2007-2012), faz uma pequena participação como a idiota Blanche. A bela Carey Mulligan, indicada ao Oscar por “Educação” (2009), vive Irene, apesar de aparecer pouco, todas as cenas da atriz mostram uma mulher simples e que tenta lutar para sobreviver ao lado do filho da melhor forma possível. Ryan Gosling iniciou sua carreira na televisão em 1995, quase dez anos depois foi que se popularizou no romance “Diário de uma Paixão” (2004), em 2007 foi indicado ao Oscar por “Half Nelson – Encurralados” (2006), mas foram os anos de 2010 e 2001 que trouxeram à carreira do ator fama e admiração de público e crítica com “Namorados para Sempre” (2010), “Entre Segredos e Mentiras” (2010), “Amor a Toda Prova” (2011) e o fantástico “Tudo Pelo Poder”. Em “Drive” o filme pertence totalmente a Gosling, que leva a trama toda nas costa com maestria ao interpretar um homem fechado, de poucos, ou nenhum, amigos, calado e que impressiona a cada cena em que precisa fazer coisas inimagináveis para sobreviver. O fato de a personagem não possuir um nome e ser chamado por alguns de Motorista, Garoto ou Amigo demonstra o quanto ele é sozinho e não depende de ninguém para seguir sua vida.


As semelhanças entre o filme de Nicolas Winding Refn e o clássico “Taxi Driver” (1976) do mestre Martin Scorsese e protagonizado por Robert De Niro, são várias: o protagonista vive sozinho, mantêm sua vida social extremamente privada, pratica certos atos ilícitos, quando encontra uma mulher faz de tudo para protegê-la, ambos matam sem dó nem piedade quando consideram necessário e os perfis dos dois, de modo geral, são muito parecidos. “Drive” não tem função de refletir ou de nos passar alguma bela mensagem sobre a vida, bem como grandes filmes, como o próprio “Taxi Driver” e tantos outros, o filme é mais uma forma de mostrar um tipo que sempre acaba por ser querido pelo público: o anti-herói que faz tudo da forma mais errada possível, mas que consegue persuadir o público a não julgá-lo, pelo contrário, admirá-lo. Sendo assim, o filme apenas serve para divertir àqueles que gostam do gênero e para mostrar que nessa fraca geração de atores lançada precipitadamente por Hollywood, Ryan Gosling é uma exceção.


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