sábado, 14 de julho de 2012

248. VIPS, de Toniko Melo


A idealização de um típico anti-herói brasileira, que rouba dos ricos e engana o governo.
Nota: 8,0


Título Original: VIPs
Direção: Toniko Melo
Elenco: Wagner Moura, Juliano Cazarré, Emiliano Ruschel, Arieta, Correia, Jorge D’Elia, Norival Rizzo, Roger Gobeth, Gisele Fróes, Amaury Jr. e João Francisco Tottene
Produção: Bel Berlinck, Fernando Meirelles, Paulo Morelli
Roteiro: Thiago Dottori, Bráulio Mantovani e Mariana Caltabiano (biografia)
Ano: 2010
Duração: 95 min.
Gênero: Biografia / Comédia

Marcelo Nascimento da Rocha passou-se por policial de elite, campeão de jiu-jítsu, produtor de televisão, repórter da MTV, guitarrista do grupo Engenheiros do Hawaii, olheiro da seleção e líder do PCC. Em sua vida real foi piloto do narcotráfico, vendeu motos do exército, vagas em uma faculdade de direito e impressoras apreendidas pela polícia. Seu golpe mais famoso foi passar-se pelo filho do dono da Gol Linhas Aéreas, foi assim que foi pego pela polícia e, hoje, está preso pagando por seus crimes. Segundo o próprio Marcelo, o alicerce de seus golpes sempre foi a ganância dos outros, ele ainda afirma que seus crimes nunca foram tão hediondos quanto se fala, afinal, nunca tirou de quem não tinha, apenas de quem tinha muito e merecia uma lição.

Marcelo e Amaury Jr. na famosa entrevista concedida ao apresentador
 em dezembro de 2001, na foto de baixo, a reprodução da cena no filme, com Wagner Moura e o próprio Amaury Jr.
No filme vemos uma breve narrativa do que foi a vida de Marcelo. Rapidamente passamos por sua adolescência meio conturbada pela falta do pai e a ausência da mãe que precisava trabalhar para sustentá-los. Depois sua fuga de casa, o que acabou levando o rapaz, ainda muito jovem, para o Paraguai, onde vira contrabandista. Ele acaba voltando para casa cheio de dinheiro e, rapidamente resolve dar seu maior golpe.


Toniko Melo foi diretor da minissérie “Som e Fúria”, a história de um grupo de teatro que está preparando a peça “Hamlet” de William Shakespeare, o elenco contava com Felipe Camargo, Andrea Beltrão, Pedro Paulo Rangel, Dan Stulbach, Cecília Homem de Mello, Chris Couto, Paulo Betti, Maria Flor, Daniel de Oliveira e Antônio Fragoso. Logo após o sucesso na televisão, a minissérie virou filme, dirigido pelo próprio Melo. Seu trabalho em “VIPs” nos trás uma breve história do protagonista, e talvez seja aí que esteja o problema do filme, a trama é muito breve e nos revela pouco do homem que ficou conhecido como o maior salafrário da história do Brasil, para se ter uma ideia ele teve mais de 15 nomes e nós não vemos nem meia dúzia durante toda a trama. O roteiro fica a cargo de Thiago Dottori, em seu primeiro trabalho para o cinema, e do indicado ao Oscar Bráulio Manovani, responsável por filmes como “Cidade de Deus” (2002), “Ônibus 147” (2002), “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006), “Tropa de Elite” (2007), “Última Parada 147” e “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” (2010).


Apesar da superficialidade do roteiro em abordar pouco sobre a vida da personagem, temos Wagner Moura como protaganista, e isso conta alguma coisa a favor para o filme. O baiano iniciou sua carreira em 1999, participou de “Carandiru” (2003), “O Homem do Ano” (2003) e da minissérie “JK” (2006), mas foi o ano de 2007 que consagrou o ator: seu trabalho em “Tropa de Elite” lhe rendeu excelentes críticas, “Ó Paí, Ó” fez uma bela homenagem à sua terra natal, e a novela “Paraíso Tropical”, onde deu vida ao inesquecível vilão Olavo, lhe rendeu fãs no país todo. O Marcelo criado pelo ator é totalmente original, afinal ele não se encontrou com o verdadeiro por questões pessoais, portanto, tudo o que vemos aqui é muito original, Moura não nos proporciona uma atuação baseada na personagem real, ele cria sua personagem do zero e a desenvolve durante a trama, e o faz como somente o Capitão Nascimento poderia. Ainda no elenco temos a ótima Arieta Correia, como a rica pirada Sandra, o bom Juliano Cazarré como o homem que inicia Marcelo no narcotráfico e Roger Gobeth como o ator Renato Jacques, um idiota que acredita em todas as mentiras de Marcelo quando ele se passa pelo herdeiro da Gol. A mãe de Marcelo é interpretada pela ótima Gisele Fróes.


Apesar de discordar das desculpas do verdadeiro Marcelo, que diz ter feito tudo o que fez com as pessoas que fez porque elas mereciam, o filme é uma forte crítica a sociedade consumista que deseja ao menos parecer estar no poder. A personagem principal criada por Moura, e digo a criada pelo ator porque basta lermos entrevistas do verdadeiro Marcelo para mudarmos de opinião, é o típico anti-herói brasileiro que todos querem ver se dar bem, ele é carismático e só planeja seus golpes contra pessoas muito ricas ou contra um governo fajuto. Desde o início do filme, em uma cena ótima em que Moura imita um colega de classe, podemos ter idéia do perfil da personagem. Apesar de não abordar nem a metade de todos os crimes cometidos pelo protagonista, o filme é engraçado e bem sucedido em seu propósito de mostrar que se dá mal quem faz coisas erradas, mas que essas pessoas nunca aprenderão a lição.

O vigarista em foto tirada no
presídio em março de 2011

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