sábado, 5 de maio de 2012

316. PIAF: UM HINO AO AMOR, de Olivier Dahan


Marrion Cotillard nos faz amar Edith Piaf em uma das homenagens mais belas já feitas para uma personalidade mundial.
Nota: 9,1


Título Original: La Vie em Rose
Direção: Olivier Dahan
Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Clotild Courau
Produção: Alain Goldman, Catherine Morisse, Alex Decis
Roteiro: Olivier Dahan e Isabelle Sobelman
Ano: 2007
Duração: 140 min.
Gênero: Biografia / Drama

Edith Giovanna Gassion é um dos nomes mais importantes quando se fala na história da mulher. Com grande personalidade, beleza própria, talento inconfundível e foz inigualável. Quando criança sofreu diversos traumas ao ser abandonada pela mãe, depois pelo pai, depois tirada do pai de suas novas referências maternas; na juventude, Edith teve de se virar ao máximo para conseguir se alimentar, utilizando de sua boa voz conquistou centenas nas ruas francesas. Após alguns anos mendigando ela foi descoberta por um homem que a ofereceu uma vida um pouco mais digna: surgiu, então, o “Pequeno Pardal”. Depois de algum tempo outro homem, bem mais qualificado a encontrou, trabalhou sua voz e finalmente o Pequeno Pardal alçou vôo, mas quem pousou em seu lugar foi a lendária Edith Piaf. Daí por diante sua vida foi repleta de mais problemas, glamour, boa vida, vícios, amores, desafetos e, claro, muita música.


O filme nos conta exatamente todos os aspectos mais importantes da mulher que conquistou o mundo. Fazendo uso de uma ordem nada cronológica e ele vai e volta em vários momentos da vida da cantora, mas é tudo tão elegante e envolvente que, em momento algum, nos perdemos em meio a tantas épocas. Aqui vemos, portanto, Edith a criança, Edith a jovem irresponsável, Edith a grande cantora, e Edith, a artista mais adorada dos franceses. Não cito que vemos Edith, o fracasso, como era de se esperar levando em conta tudo o que aconteceu em sua vida, pelo triste fato de que ela tinha apenas 47 anos quando morreu, e, mesmo desmaiando nos palcos e deixando seu público sem show, era ovacionada e amada por todos. No filme uma das cenas mais célebres se dá quando, Edith já debilitada está se apresentando e pede licença por se sentir mal, o público, ao invés de vaiá-la, como seria o normal, a chama para voltar e coloca rosas e buques no palco esperando por seu ídolo, Edith volta e desmaia em meio a música “Padam”.


Sem muitos trabalhos em seu currículo, Dahan faz sua parte como uma competência inimaginável para alguém com pouca experiência. Acredito que o que o moveu para a realização de um filme tão bem feito e tão lindo só pode ter sido uma paixão eterna por Edith Piaf. As mudanças de época e contexto são muito bem trabalhadas, em um filme biográfico onde possa-se pensar que será em algum momento tedioso, suas tomadas nos invadem de forma magnífica tornando o filme cada vez mais agradável. Mas o mais incrível desse filme não está em sua ótima direção ou equipe técnica impecável que nos proporciona maquiagem (vencedora do Oscar), fotografia, edição de imagem e som maravilhosas, está no roteiro, em segundo lugar. O enredo de uma biografia e a forma como ele será trabalhado sempre gera um pouco de desconforto e insegurança, afinal, adaptar a vida de alguém tão importante não é fácil. O que, muitas vezes deixa alguns roteiros confusos e mal explicados, aquele vai e volta na história, aqui faz com que o filme fique muito mais interessante.


Digo que o roteiro é o segundo melhor aspecto do filme, por que o primeiro concentra-se, obviamente, em Marion Cotillard, uma atriz incrível que, com seus 32 anos, conseguiu dar vida a uma mulher desde sua juventude até sua morte (Edith podia ter apenas 47 anos, mas aparentava ter mais de 60 na época, devido a fragilidade de sua saúde). Cotillard não canta no filme, isso deve ser levado em conta para avaliar sua interpretação, foi preferível que ela dublasse, e o faz com tanta segurança como se a própria Edith tomasse conta de seu corpo e alma e voltasse a cantar e interpretar suas músicas, os gestos da cantora estão presentes o tempo todo, não como imitações, mas como movimentos espontâneos da atriz, sugiro que assistam vídeos da verdadeira cantora para depois verem como o trabalho da atriz é impecável. O que Cotillard faz aqui por sua conterrânea pode ser comparado com atuações das grandes divas do cinema: a americana Meryl Streep em “A Dama de Ferro” (2011) e a inglesa Helen Mirren em “A Rainha” (2006). Esse trio tão diferente em personalidade e origens nos proporciona, provavelmente, as melhores atuações femininas das últimas décadas, dignos de todos os prêmios conquistados, incluindo o Oscar. Dos demais intérpretes são todos ótimos, mas ofuscados pelo brilhantismo com o qual Cotillard trata sua personagem. Destacaria a nada afeminada grande amiga de Edith Piaf, Mômone, interpretada pelo ótima Sylvie Testud.
O que esse filme acaba por fazer não é apenas uma cinebiografia de um dos maiores mitos da música contemporânea, é homenagear uma das maiores mulheres da história. Edith pode ser considerada uma desvairada, mas possuía talento e aproveitou a vida como ninguém jamais fez ou fará. Tinha seus defeitos, e não eram poucos, mas era firme, destemida e, acima de tudo, amava a arte. Sua glória será inesquecível, sua voz insuperável, seus feitos copiados, sua existência eternizada por suas músicas, dentre elas como não falar de “Milord”, uma de minhas preferidas; “La Vien em Rose”, a mais cantada por outros artistas; “Hymne à L’amour”, a mais emocionante de todas; e, claro, seu maior sucesso “Non, jê ne regrette rien”, a última música que cantou em uma das apresentações mais memoráveis da história da música. Bem como já diz a música, foi a vida de Edith: nada para se lembrar, lamentar, ou importar, afinal, sempre podemos começar do zero com aqueles que realmente importam. É isso o que esse filme nos ensina, sejamos como Edith, não imprudentes ou viciados, mas que tiremos uma lição de sua vida: tudo pode ser recomeçado, reaprendido, refeito, e especialmente amado.

Respectivamente Marion e Edith, na última apresentação da
cantora onde interpretou o sucesso "Non, No  Je Regrette Rien"


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Um comentário:

  1. Esse filme me fez ouvir Piaf até meus pais cansarem e dizer que não aguentavam mais.... Hahaha Muito bom! E Marion está lindíssima em todas as cenas!

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