O primeiro número musical, “All That
Jazz”, já nos dá uma ideia de como o filme será belo, bem feito e eletrizante do
começo ao fim. Uma obra musical da sétima arte.
Nota: 9,7
Título Original: Chicago
Direção: Rob Marshall
Elenco: Renèe Zellwger, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere, Queen
Latifah, John C. Reily, Dominic West
Produção: Martin Richards, Bob Weinstein, Harvey Weinstein
Roteiro: Bill Condon, Bob Fosse (musical Chicago), Fred Ebb (musical Chicago)
e Maurine Dallas Watkins (peça teatral Chicago)
Ano: 2002
Duração: 113 min.
Gênero: Musical / Comédia
Roxie sonha em ser famosa, Velma já é
uma famosa cantora em Chicago; Roxie é loira, Velma é morena; Roxie é aparentemente
sem sal, Velma é sexy e provocante; Roxie é tonta, Velma é esperta e inteligente.
O que essas duas figuras têm em comum? São duas belas assassinas, Roxie de seu
amante, e Velma de seu marido e irmã, que eram amantes. Quando os crimes de
ambas são descobertos elas são presas e, enquanto Velma se diverte na cadeia,
Roxie terá de aprender que na vida ela pode conquistar muito mais que apenas um
palco com sua beleza e sexualidade, agora elas travarão uma batalha épica para
ver quem conquista mais o amor do público e do júri para elas poderem voltar
para as ruas de Chicago e fazer o que as duas mais gostam: dançar e cantar.
Esse é o primeiro filme de Rob Marshall
para o cinema, e posso dizer com toda a certeza que ele não decepciona.
Posteriormente a esse filme temos o maravilhosamente bem composto “Memórias de
uma Gueixa” (2004), o fracasso “Nine” (2009) e o melhor da franquia Sparrow
“Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas” (2011). Em “Chicago” ele
utiliza todos os recursos advindos do enredo tratar de um musical com muitas
cores, jogo de luzes (apesar de uma certa escuridão que toma conta do filme,
nos fazendo sempre lembrar que se trata de algo sobre as noites de uma das
cidades mais fervorosas do mundo), um figurino lindo da década de 1920, belas
personagens com talentos inimagináveis, ótimas letras e arranjos para todas as
músicas (os arranjos são do excêntrico Danny Elfman) e um roteiro que nunca se
torna repetitivo ou chato, tornado o filme algo muito agradável para ser
assistido. Nas premiações do ano de 2003 o filme foi um sucesso: 13 indicações
ao Oscar, levou 6, incluindo melhor filme; no BAFTA foram 12 indicações, ficou
com apenas 2 prêmios; levou 3 de suas 8 indicações no Globo de Ouro, incluído
melhor filme comédia ou musical. Nos sindicatos foi um sucesso ainda maior:
melhor filme para os Produtores, melhor direção para os Diretores, indicado a
melhor roteiro para os Roteiristas e 5 indicações para as atuações no Sindicato
dos Atores, das quais levou 3, incluindo melhor elenco. Os críticos o adoraram
ainda mais e não faltaram elogios: em Phoenix foram 10 indicações e 4 prêmios; 3
prêmios no “Critics Choice Awards”; dois dos críticos do Canadá; dentre vários
outros.
Catherine Zeta-Jones empresta sua beleza
e sensualidade à impetuosa Velma Kelly, uma mulher que sabe o que quer e não
poupa esforços para tal, muito menos é burra o suficiente para não saber das
conseqüências de seus atos, Zeta-Jones venceu o Oscar de atriz coadjuvante,
apesar de desmerecido, a sua atuação é a melhor do filme. Renée Zellweger vive
a boba Roxie Hart, uma bela mulher que tem aquele sonho inútil de se tornar uma
pessoa famosa sem fazer por merecer, Zellweger é bem convincente, apesar de não
ser tão boa quanto Zeta-Jones, ela consegue demonstrar direitinho como a
personagem cresce gradativamente ao longo da trama se tornando uma mulher sexy
e muito esperta, isso pode ser notado especialmente na cena em que ela conta
uma pequena mentirinha para a imprensa para não ser ofuscada por uma nova presa.
Queen Latifah é a Mama Morton, carcereira da cadeia onde Velma e Roxie estão
“hospedadas”, Latifah faz a própria carcereira que se vende por qualquer coisa
significativa, o número musical destinado a ela, “When you’re good to Mama” é o
típico número para uma atriz coadjuvante que deu certo, sendo uma comediante de
mão cheia ela se saiu super bem no filme todo; Richard Gera é o advogado das
estrelas, sarcástico, ele sempre sabe que suas clientes são culpadas, mas com
sua sensualidade consegue safar todas elas do pior; por fim temos o excelente
John C. Reily como o imbecil Amon Hart, marido de Roxie, durante todo o filme
ele não aceita o fato de ela ser uma vadia e a venera do começo ao fim, seu
número compõe uma das melhores cenas do filme, “Mister Cellophane” é perfeita.
Chicago é mais que uma cidade, é excitante
por si só e nos deixa maravilhados com toda sua beleza e originalidade. “Chicago”,
o filme, se torna, portanto mais que um musical divertido, é bem feito, bonito,
com um roteiro super bem bolado, com ótimas atuações e sacadas melhores ainda. Os
números musicais fazem o filme correr diante de nossos olhos sem deixar que
percebamos alguns erros fatais, tornando-os bem menos fatais por acabarem
passando despercebidos. Erros graves todo filme tem, o que os encobre é a qualidade
com que os acertos são realizados, aqui os acertos tornam o filme algo
maravilhoso, mas não pense que as músicas o deixarão em paz rapidamente, seus
ritmos são tão contagiantes quanto à trama.
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