domingo, 25 de março de 2012

354. O DISCURSO DO REI, de Tom Hooper

Realezas são sempre inspiradoras, quando ela se une com um ator frustrado em um filme com atores maravilhosos, uma direção impecável, uma trilha sonora digna dos salões reais e uma edição tão delicada o resultado não poderia ser ruim.
Nota: 9,6


Título Original: The King’s Speech
Direção: Tom Hooper
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Timothy Spall, Michael Ganbom, Guy Pearch
Produção: Iain Canning, Emile Sherman e Gareth Unwin
Roteiro: David Seidler
Ano: 2010
Duração: 118 min.
Gênero: Drama / Bografia


CONFIRA O TRAILER DO FILME:

Albert da Casa Windsor era o segundo filho do rei George V, tinha apenas duas filhas (nenhum filho), nunca era visto na mídia, era um homem muito reservado que não possuía muita voz ativa e, ainda por cima, era gago. Aqui conta-se basicamente a história de duas de suas relações mais importantes: com sua esposa e com Lionel Louge. Focando nessa última, Lionel era um ator de teatro frustrado que se tornou uma espécie de fonoaudiólogo, após diversas tentativas com grande especialistas, Bertie (como a família chamava Albert) procura Louge a fim de tratar sua gagueira, quando o irmão abdica o trono Albert precisa ir a fundo em seu tratamento para dar mais segurança ao povo britânico durante seus discurso em relação à Segunda Guerra Mundial. Apesar de diminuir em muito a admiração do rei por Adolf Hitler o filme é fiel e, segundo a própria Rainha Elizabeth II, a retratação é perfeita.


Diretor de séries bem conceituadas, em especial, “John Adams” (2008), Tom Hooper faz aqui algo lindo, é espirituoso, calmo, nos proporciona cenas divertidíssimas ou deprimentes o tempo todo. Seu uso de câmera é ótimo e a utilização de uma câmera só para filmar duas personagens uma ao lado da outra, mas uma de cada vez deixa o filme mais agitado e demonstra nitidamente os sentimentos de estase de cada personagem. Alexander Desplat é digno da realeza com uma das melhores trilhas sonoras do ano, que, acredito deveria ter levado o Oscar (perdeu para a moderna e diferenciada trilha da dupla, que gostei mais em “Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres). Hooper, o filme e Colin Firth levaram respectivamente os prêmios de melhor direção, filme e ator (merecidíssmo em uma das melhores atuações masculinas dos últimos anos, incluo aqui os indicados ao prêmio de 2010, 2011 e 2012, Firth é o melhor).


Não que apenas esses três nomes formem o elenco, mas são eles que possuem relevância: Helena Bonham Carter é a esposa de Bertie, ela é simples, serena, comportada, o tipo de nobre que sempre sonhamos existir (não aquelas nobres vadias que estão sedentas por sexo que vemos em filmes e séries que contam os séculos passados), muito pelo contrário ela é realmente inspiradora, por parte de Carter, e só por parte dela, salientam-se duas cenas: a primeira, enquanto Albert faz seu discurso em um estádio seus olhas sorriem encorajando-o, enquanto seus olhos a entregam e demonstram seu medo e a cena em que ela revela seu amor pelo marido e resume ter se casado com ele por que ele “gaguejava tão bonitinho” (nessa última ela divide a cena com Firth, mas é a serenidade dela que chama mais a atenção); Geoffrey Rush é um Lionel divertido, feliz e de bem com a vida, frustrado por seu lado ator não ter vingado, mas satisfeito em poder dizer quanto ajuda as pessoas com seus problemas de expressão, Rush não tem nenhuma cena só sua, mas cenas como a descoberta da esposa dele que seu paciente é o rei, a cena em que faz um teste para uma peça, a que encena qualquer coisa com os filhos e a indiferença que a personagem nutre sobre estar ajudando o herdeiro do trono inglês (para ele Bertie, sim Lionel chama sua Alteza Real o Príncipe da Inglaterra de Bertie, é somente um homem como outro qualquer); mas esse filme é sobre o rei, ninguém mais, acima de tudo é sobre a superação do rei, não sobre suas relações com políticos, é sobre seu medo compreensivo de fazer discursos, e é aqui que        tem sua melhor performance desde sempre, bem como seu gaguejar é o melhor de sempre, ele não fica travando ridiculamente a cada palavra, elas simplesmente não saem, e todo esse sofrimento pela responsabilidade que ele possuí é tão bem feito que nos emocionamos a cada instante, as cenas seus discursos são incríveis cada momento em que Hooper o filma falando (ou, na maioria das vezes, tentando)  a cena se torna sua, ao menos aquele momento é seu. O trio Firth-Bonham Carter-Rush, indicado ao Oscar, faz desse filme uma aula para qualquer ator ou atriz, e até mesmo para diretores, roteiristas, produtores e editores, para resumir suas cenas seria fácil: o filme todo, mas salientaria as cenas em que os três estão juntos nas sessões de Albert, a conversa entre Lionel e Bertie quando o pai deste morre, quando Albert descobre quem realmente é seu “médico”, e finalmente as preparações e o tão esperado discurso do rei. Outros nomes excelentes do elenco são Michael Ganbom, como o rei George V; Guy Pearce, como o irmão pervertido de Bertie que abdica do trono por uma mulher americana separada e Timothy Spall como o carismático e mais amado primeiro ministro dos últimos tempos Wiston Chuschill.


“O Discurso do Rei” é mais que um filme bibliográfico, é uma realização maravilhosa em ano de filmes tão mediano como foi 2010, é o melhor filme do ano, seguido de “Cisne Negro” e “A Rede Social”,sei que os críticos discordariam de mim e o público também, mas o filme da terceira posição me parece caricato de mais e, apesar de adorá-lo e adorar David Fincher (o diretor) existe algo que não gosto nele; o segundo é um filme por demais de exagerado em suas loucuras, o que faz com que se perca uma fez ou outra (não sem eu roteiro, mas como um todo); já o filme sobre o monarca britânico (aliás, como disse na crítica de “A Rainha”, o Oscar adora os líderes britânicos, nos últimos dez anos três vencedores entre atriz e ator foram para eles, isso em contar em 1999 que Judi Dench levou coadjuvante pela interpretação de Elizabeth), portanto, fazer filmes sobre líderes é sempre uma boa pedida, talvez pela fama atribuída ao país de que são grandes líderes, ou pelo simples fato de que a nobreza inglesa acaba, de uma forma ou outra nos conquistando com toda sua pompa e classe perante a um mundo cheio de combinações culturais atrozes, logo é mais agradável esquecermos dos “funk’s” e das “delícias” e aproveitarmos duas horas com um filme tão agradável e feito com tanto carinho e atenção por seus realizadores.


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Um comentário:

  1. Realmente um ótimo filme, merecidíssimas as premiações!

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